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Apesar do PIB no AM estar acima do nacional, o desemprego preocupa

O setor de Serviço foi o que mais cresceu no primeiro trimestre de 2021, registrando a maior parcela com 51%
LETICIA MISNA

Manaus – O Produto Interno Bruto (PIB) do Amazonas segue acima do crescimento nacional, de acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti). O estado teve um aumento de 4,69% no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período em 2020, registrando o valor de R$ 28.688 milhões, enquanto o Brasil cresceu 1,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2020, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Sedecti revelou ainda que o setor de Serviço foi o que mais cresceu no primeiro trimestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020, registrando a maior parcela com 51% (R$14,770 bilhões), seguido da Indústria com 27% (R$7,986 bilhões), Imposto com 15% (R$4,444 bilhões) e Agropecuária com índice de 5,19% (R$1,488 bilhão).

Para os representantes do comércio e da indústria amazonense, o crescimento do PIB local é o primeiro passo em direção à melhoria da economia como um todo, não só atraindo investimentos, mas também aumentando a arrecadação de tributos para o estado.

Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, a recuperação da economia, tanto nacional quanto local, tem se mostrado superior ao que a instituição havia projetado.

“Sem dúvida esses são números alentadores e que denotam a força da atividade produtiva do país. É necessário, contudo, que tenhamos prudência em relação a esses indicadores, uma vez que a pandemia ainda não está superada”, pontua Silva.

Agora a expectativa da Fieam é que, com o avanço da vacinação contra a Covid-19, tenha-se um segundo semestre ainda com bons números.

Para o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, mesmo com toda a instabilidade política pela qual o país passa, a demonstração de pujança da economia amazonense é algo impressionante e dá sinal de força. “Nós temos condições sim, de trilhar um ciclo virtuoso, não só nos aspectos financeiros, mas, principalmente, em questão de tributos e faturamento das empresas. O que esperamos de verdade é que nos permitam trabalhar. Não precisa ajudar não, é só não atrapalhar muito”, enfatiza.

De acordo com Périco, o Amazonas voltou a superar a marca de 100 mil empregos diretos e espera que o estado tenha condições de continuar crescendo, desenvolvendo a atividade no Polo Industrial de Manaus (PIM), ajudando a União com arrecadação de tributos.

Entretanto, para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio), Aderson Frota, a atual situação do trabalhador amazonense é preocupante. “Entre março do ano passado e março de 2021, computando todas as paralisações, ficamos parados durante seis meses. Essa situação representou dificuldades, perda de substância, desequilíbrio econômico das empresas, o que acaba com um efeito muito cruel no mercado de empregos. Cresce o PIB, mas não cresce o número de empregos, então isso é preciso ser visto com muito cuidado”, ressalta Frota.

Comemoração prematura

Como resultado da última consulta feita pelo Banco Central, as instituições financeiras – que fazem projeções semanais – esperam o crescimento da economia brasileira subir de 5% para 5,05%. Para 2022, a expectativa é de um progresso de 2,11%, e para 2023 e 2024, o mercado financeiro projeta uma expansão de 2,5%.

Denise lembra ainda que a questão da pandemia é determinante para a retomada efetiva do desenvolvimento, visto que o desemprego, que já era grande antes da pandemia, tornou-se pior.

“O Amazonas apresentou uma das maiores taxas de desemprego no primeiro trimestre de 2021, alcançando o patamar de 17,5%. A redução do auxílio emergencial e de outras rendas [relacionadas] aumentaram o nível de pobreza no país. A situação agrava-se ainda mais, se considerarmos que a inflação impactou itens da alimentação básica, de combustíveis, gás de cozinha e outras tarifas que atingem em cheio o bolso do amazonense, além da alta de juros, que dificulta o acesso ao crédito e encarece os gastos no cartão neste momento sensível”, explica Denise.

A economista também ressalta que o Governo Federal deveria focar mais no estímulo à atividade industrial, em vez de facilitar a importação de produtos que concorrem com a indústria brasileira, pois “em uma economia como a do Amazonas, onde o PIM tem um papel fundamental, a indústria funcionando, gera emprego, que gera renda. Trabalhador com renda, consome bens e serviços, e promove o efetivo crescimento econômico”, finaliza.

Foto: Arquivo Em Tempo