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“Empregos verdes” como novo modelo de desenvolvimento econômico para impulsionar o interior do Amazonas

Empregos verdes como o reflorestamento aplicado pela agricultura familiar, seriam uma solução de modelo de desenvolvimento econômico para impulsionar o interior do Amazonas. Essa foi uma das propostas apresentadas durante o segundo dia do XIII Encontro das Entidades de Economistas da Amazônia Legal (Enam).

O evento reúne representantes dos Conselhos Regionais de Economia (Corecons) da Amazônia Legal, do Conselho Federal de Economia (Cofecon), autoridades, economistas, estudantes e instituições da sociedade civil para discutir o papel da profissão no desenvolvimento sustentável da região. O encontro teve início na última quarta-feira e segue até esta sexta-feira (22), no auditório Senador João Bosco, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM).

A proposta foi levantada pela presidenta do Conselho Regional de Economia do Amazonas e Roraima (Corecon-AM/RR), Michele Lins Aracaty e Silva, durante o lançamento de seu livro intitulado “Amazônia do Futuro e o Futuro da Amazônia: A Economia Verde é a nossa Bala de Prata?”.

“Um desses empregos verdes seria o uso da agricultura familiar para o reflorestamento. A ideia seria de que o agricultor pudesse receber o recurso financeiro para corrigir o solo, plantar as árvores e, depois, acompanhar o crescimento dela. Esse tipo de mão de obra já é implementado em outros países. É uma mão de obra verde que poderia muito bem ser utilizada em nossa região, inclusive, para que se possa reflorestar as áreas degradadas”, declarou a presidente do Corecon-AM/RR.

Outra sugestão de modelo econômico para o interior a ser sugerida por Michele Aracaty seria a chamada “compensação ambiental”, que também consta no mesmo livro lançado por ela.

“A ideia da compensação ambiental é de conceder o incentivo financeiro para os ribeirinhos para que eles possam ajudar a preservar a floresta. Então, como a Amazônia é um bioma muito grande, quem vai ajudar a proteger a floresta é quem vive nela. Nós temos 30 milhões de amazônidas que são chamados de guardiões da floresta porque eles não depredam, eles fazem uso da economia da floresta, mas não de forma predatória. Eles inclusive poderiam receber o recurso financeiro para poder ajudar na preservação ambiental e na conservação do meio ambiente”, apresentou Michele Aracaty.

A programação do evento também contou com o lançamento do livro: “História e Memória do Conselho Regional de Economia 9a. Região, Pará e Amapá: 60 anos de trabalho em defesa dos Economistas”, de autoria do presidente do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), Kleber Antônio da Costa Mourão.

“Em 2025, o Corecon-PA/AP completou 60 anos de criação e surgiu a ideia de organizar um livro para preservar a memória do Conselho, da categoria e dos profissionais que trabalham no Corecon. O propósito do livro é não só contar essa história, mas também, valorizar esse trabalho de pessoas que voluntariamente dedicam seu tempo a uma causa nobre que é a defesa dos economistas na sociedade”, explicou Kleber Mourão.

A Economia do Papa

Durante a programação do segundo dia do XIII Enam, foi apresentado o painel: “Economia de Comunhão”, que contou com a apresentação do empresário Rogério Cunha, proprietário da Pizzaria Loppiano, de Manaus. Ele abordou como o modelo é aplicado em seu empreendimento.

O painel contou também com a participação especial do artista e empreendedor, Celso Braga que, na oportunidade, apresentou, ao vivo, seus bio-instrumentos os quais já comercializa há alguns anos para o mercado internacional.

Em seguida, veio a participação do economista do ano e vereador José Ricardo Wendling, com o painel: “Economia de Francisco e Clara”. O tema foi uma alusão ao movimento presente em mais de 20 países, incluindo o Brasil, que traz o legado deixado pelo Papa Francisco que defende uma economia justa e igualitária para todos.

“Eu considero muito importante que o Corecon trouxe essa temática aqui para tratar da Economia de Francisco e Clara e, também, da Economia de Comunhão. O foco é para que os novos economistas possam pensar em alternativas para essa economia que hoje é excludente. A economia não pode ser apenas baseada na ganância”, apontou.

Os painéis foram mediados pela vice-presidente do Corecon AM/RR, Karla Martins, e também contaram com a presença da conselheira federal, Denise Kassama.

José Ricardo destacou a importante atividade que o Corecon vem mobilizando por conta da COP30.

“O Conselho de Economia vai dar uma grande contribuição para a COP30, porque vai levar esse olhar sobre a economia, a partir da realidade amazônica, porque nós temos que olhar que a economia tradicional ela é de destruição, e se destruirmos o bioma amazônico, as populações tradicionais vão sofrer, os indígenas vão sofrer, os ribeirinhos, os animais vão sofrer, a floresta e as águas. Logo, esse é um prejuízo para o povo amazônico e para a sociedade, já que a Amazônia é importante para o equilíbrio do mundo na questão ecológica”, destacou José Ricardo.

Economia solidária

A última oficina do dia ficou sob o comando do economista Anderson Oriente que é professor do Instituto Federal de Tecnologia do Rio de Janeiro. Ele abordou a temática: “Economia Solidária para Economistas”.

O especialista falou sobre os modelos de sucesso de economia solidária do Rio de Janeiro onde existem, atualmente, os bancos comunitários e as moedas sociais que fazem a economia girar dentro dos territórios onde os próprios comerciantes são os auto-gestores.

“É importante pautar a economia solidária para os estudantes de economia, bem como para os moradores das comunidades, lembrando que a economia solidária é uma economia do coletivo, de cooperação. É uma economia pautada na auto-gestão onde todos têm responsabilidades no negócio e onde há lucratividade, mas, também, os prejuízos são coletivos”, explicou o professor.

XIII Enam

A presidente do Corecon-AM/RR, Michele Aracaty, frisou que “o ponto alto do evento será a construção de uma carta que será escrita por todos os presidentes e representantes dos Conselhos de Economia que vieram participar do evento. Ao fim, vamos entregar essa carta aos representantes da COP30. A carta é um documento dando direcionamento para eles em relação ao legado do evento (COP), revelou ela.

O XIII Encontro das Entidades de Economistas da Amazônia Legal (Enam) foi aberto na noite desta quarta-feira (20), em solenidade realizada na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam). O evento reuniu representantes dos Conselhos Regionais de Economia (Corecons) da Amazônia, do Conselho Federal de Economia (Cofecon), autoridades políticas e acadêmicas, economistas, estudantes e instituições da sociedade civil para discutir o papel da profissão no desenvolvimento sustentável da região.

O Enam é considerado o maior fórum de economistas da Amazônia Legal, promovendo debates estratégicos sobre políticas públicas, integração econômica regional, ciência, tecnologia, inovação e sustentabilidade. Em sua 13ª edição, o encontro busca fortalecer a atuação conjunta dos Corecons da região, articulando propostas para o desenvolvimento econômico e social da Amazônia no contexto nacional.

A programação completa do evento e as inscrições poderão ser feitas em https://www.even3.com.br/xii-enam-2025-593336/.