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ONU adverte sobre impacto adverso da humanidade sobre o clima

Osíris M. araújo da Silva
Manaus, 16 de agosto de 2021.

Lançado na quinta-feira, 8, em Genebra, o 6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, edição especial sobre mudança climática e terra, aponta para a importância de combater o desmatamento, promover recuperação florestal, mudar práticas agrícolas e frear a degradação das terras no mundo inteiro como medidas capazes tanto de combater a mudança do clima quanto de promover a adaptação da sociedade a elas.


As conclusões resultam de dois anos de trabalho de 103 peritos de 52 países, que participaram voluntariamente do estudo. Segundo o relatório divulgado pelo IPCC, a redução do desmatamento e da degradação tem o potencial de mitigar até 5,8 bilhões de toneladas de CO2 por ano no mundo. O Brasil, que tem a maior floresta tropical do planeta, pode responder por parte importante da redução.

De acordo com diversos analistas comprometidos com o crescimento econômico e social, o Brasil também tem vantagens competitivas e pode se tornar um líder global em produção com redução de emissões, como o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono recomenda. O Plano ABC deve ser entendido como o instrumento de integração das ações dos governos (federal, estadual e municipal), do setor produtivo e da sociedade civil, para a redução das emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes de atividades agrícolas e pecuária.

O IPCC faz um alerta: a demora do mundo em atacar decididamente a crise do clima pode fazer com que as soluções baseadas no uso da terra fiquem menos eficientes, já que o aquecimento da Terra induz à degradação dos ecossistemas e à perda de produtividade agropecuária. O documento destaca como, em uma espécie de círculo vicioso, solos e florestas doentes agravam as mudanças climáticas, que, por sua vez, causam impactos negativos na saúde das florestas e do solo.

O Relatório, em tom apocalíptico, aponta que, “se o aquecimento global ultrapassar o limite de 2º Celsius estabelecido no Acordo de Paris, provavelmente as terras férteis se transformarão em desertos. As infraestruturas vão se desmoronar com o degelo do “permafrost” – tipo de solo encontrado na região do Ártico, constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados -, e a seca e os fenômenos meteorológicos extremos colocarão em risco o sistema alimentar”. O Acordo de Paris, um marco histórico da luta contra as mudanças climáticas, entrou em vigor desafiando o mundo a alcançar uma grande meta: manter o aumento da temperatura global abaixo de 2ºC.

Pouco antes, o Brasil ratificou seu compromisso com o Acordo e apontou qual seria a sua parcela de contribuição para a meta global. Desde então, um dos principais focos de atuação do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) tem sido trabalhar pela implementação de ações que nos levem a alcançar a meta prevista pelo Acordo. E este trabalho envolve muitas etapas, começando por dar conhecimento à sociedade sobre qual é a importância destes compromissos.

O IPCC salienta, de forma contundente e inequívoca: “a influência humana aqueceu a atmosfera, os oceanos e os solos. Afirma, por outro lado, que emissões contínuas de gases do efeito estufa podem romper um importante limite de temperatura em pouco mais de uma década”. O documento, contudo, em nenhum momento faz qualquer menção a que o fenômeno tenha como causa desmatamentos e incêndios na Amazônia, não significando que se devam arrefecer as ações de combate aos exploradores ilegais do bioma.

“O Relatório do Grupo de Trabalho 1 do IPCC de hoje é um ‘alerta vermelho’ para a humanidade”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Se unirmos forças agora, podemos evitar a catástrofe climática. Mas, como o relatório de hoje deixa claro, não há tempo para delongas e nem espaço para desculpas. Conto com os líderes do governo e todas as partes interessadas para garantir que a COP-26 seja um sucesso.”