Manaus, 27 de novembro de 2021.
Desenvolvimento regional, sustentabilidade, agenda 2030, potencialidades regionais, cadeias produtivas, bioeconomia e biotecnologia, vulnerabilidades socioeconômicas regionais e pandemia de Covid-19. Oito subtemas debatidos durante os três dias do XII Encontro dos Economistas da Amazônia Legal (Enam), organizado pelo Conselho Regional de Economia (Corecon-AM), junto aos Corecons da Amazônia Legal e ao Conselho Federal de Economia (Cofecon), com o tema “O desenvolvimento regional sustentável por economistas amazônidas”.
Com o final do Encontro, que reuniu virtualmente nos dias 24, 25 e 26 de novembro mais de 250 economistas, empresários, gestores e estudantes, ainda serão compiladas todas as propostas, sugestões, metas e desafios resultantes dos painéis de debates e apresentada a Carta dos Economistas da Amazônia à sociedade e aos governantes, reforçando seus compromissos para o desenvolvimento sustentável da região, mas de forma endógena, utilizando-se dos recursos regionais e do protagonismo tanto dos profissionais da economia quanto da sociedade como um todo.
Para o presidente do Corecon-AM, Martinho Azevedo, desafio, protagonismo, superação e gratidão são as palavras que melhor expressam o final desse Encontro, porque mesmo em um momento adverso, os debates aconteceram e cumpriram com êxito o seu papel na formação e na divulgação do conhecimento. “Foram cerca de 20 horas de conteúdo e de muito aprendizado. Entendemos que superamos o desafio e cumprimos o propósito de combater o bom combate sobre a Amazônia. Assim, agradeço todos e todas que nos ajudaram na plena realização do XII Enam, na pessoa da coordenadora e vice-presidente do Corecon Amazonas, Michele Aracaty, dos nossos conselheiros e servidores, do presidente e vice-presidente do Cofecon e dos presidentes dos Corecons da Amazônia Legal, além dos convidados e estudantes”.
Amazônia do futuro e o futuro da Amazônia
O mundo privado, finalmente, acordou para as questões das mudanças climáticas, visto por todos e todas durante a Cop-26, e a Amazônia está no centro dessas discussões globais, já que seguir na rota de um colapso ecológico representa a perdição na equação do clima global. A explicação é do superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virgílio Viana, palestrante que encerrou os debates do Enam 2021, com o tema “Amazônia do futuro e o futuro da Amazônia”.
Mas é preciso manter a chama da esperança, afirmou o superintendente, alertando para a urgente necessidade de reverter o desmatamento, as queimadas e o garimpo ilegal, como ainda manter o respeito aos povos indígenas e tradicionais, para que a saúde pública não se agrave por conta da poluição do ar. “A Amazônia é de interesse internacional. E o desmatamento, por exemplo, é ruim para a economia. Por isso, olhar a questão ambiental não é olhar somente ao meio ambiente, mas para todos os setores estratégicos, como a saúde e a economia”.
Assim, ele destacou que a região pode ser protagonista de uma nova economia verde, sobretudo, com base em três eixos: provedora de serviços ambientais (carbono, a água e biodiversidade); de produtos da bioeconomia amazônica e detentora de conhecimentos estratégicos, utilizando-se do saber tradicional dos povos indígenas e tradicionais e das inovações científicas e tecnológicas, que ainda precisam ser mais fortalecidas.
E concluiu que os amazônidas, nesse novo desenvolvimento, devem ser empreendedores, valorizando a floresta em pé e como gestores, mostrar ao mundo a competência local para cuidar dessa importante área brasileira, que é a Amazônia. “Viabilizar essa nova economia é superar gargalos, cadeias produtivas da bio Amazônia e entender todo o seu processo, além de fomentar o empreendedorismo, buscar a desburocratização e o aumento da segurança jurídica. Assim, poderemos atender aos anseios do bem-estar social básico, reduzindo a pobreza, dando prosperidade e bem-estar para todos”, concluiu Viana.
Painéis do terceiro dia
Ainda nesta sexta, aconteceu o painel ministrado pela superintendente da Amazônia (Sudam), Louise Caroline Low, que apresentou os baixos indicadores socioeconômicos da região, como saneamento, moradia, informalidade, para mostrar os grandes desafios da região mais rica do mundo. “Como enfrentar esses desafios? Com planejamento, transparência e diretrizes voltadas às peculiaridades da região”.
Por isso, ela disse que a Sudam tem carteira com 249 projetos pautados em seis eixos temáticos, como ciência, sistema produtivo, agenda 2030, pensando as diretrizes estratégicas da região, colocando-se na retomada do protagonismo da Amazônia, que não é apenas floresta, mas com ações estruturantes e políticas públicas customizadas.
Já o economista Farid Mendonça, com a palestra “O desenvolvimento e o protagonismo econômico local e regional, trouxe reflexões acerca do faturamento do PIM, políticas de incentivos fiscais, infraestrutura, matriz econômica ambiental, Sedecti, bioeconomia, petróleo e gás, questão ambiental e novas oportunidades“. E afirmou: “quando falamos em economia, também precisamos pensar em tecnologia de ponta, recursos humanos, pesquisa e desenvolvimento, criando valores aos produtos e serviços, com infraestrutura mínima necessária, além da superação das graves sequelas da atual pandemia. Tudo contribui para a retomada do desenvolvimento, junto a políticas de auxílio à população de baixa renda, para o fortalecimento da economia”. “O impacto da pandemia da Covid-19 sobre a gestão pública municipal” foi a outra palestra da sexta, apresentada por Inácio Guedes e Jorge Campos, que trouxe para o debate os desafios em meio à necessidade de qualificar a mão-de-obra, infraestrutura e empreendedorismo da região amazônica”.